A história de um cartão artesanal

A história de um cartão artesanal

A história de um cartão artesanal

5 de julho de 2019

Os projetos mais importantes da nossa vida são aqueles que têm uma boa história para contar. Neste espaço, quero compartilhar uma delas com vocês, pois essa é uma maneira de a gente se conhecer melhor. Decidi começar por aquele que muitas vezes é o nosso primeiro contato profissional: meu cartão de visitas.

Ao repensar a minha marca, quis que meu cartão mostrasse, logo de cara, os valores que movem meu trabalho: a qualidade, o cuidado e a consistência, além, claro, da beleza. Tanto é que quando assisti o vídeo da Letterpress Brasil e soube que os cartões eram feitos um a um, resgatando o trabalho artesanal de impressão de uma maneira tão cuidadosa, tão personalizada, pensei: “essa história diz muito do que eu quero falar”.

Meu novo cartão tem uma identidade visual simples e contemporânea, comunica a essência do meu trabalho. A marca foi uma criação da AD’7 Design, uma parceria de trabalho de longa data. Das nossas conversas e cafés nasceu o desenho, usando uma fonte sem serifa, equilibrada e elegante (a Futura) e uma cor neutra e sólida. No início do processo pensávamos no branco como base e na letra desenhada em preto; porém, depois do primeiro contato com a Letterpress Brasil, nos deparamos com uma diversidade de papéis que poderiam servir como suporte da impressão. Finalmente, direcionados pela textura de toque suave e a gramatura mais espessa, que porta a solidez como mensagem, acabamos por escolher um papel de algodão, que por sua própria materialidade apresenta um tom esmaecido, um pouco amarelado. Concluímos que a cor Gray, da PANTONE, seria a mais adequada para dar leveza à composição.

Para imprimir a minha marca, procurava um parceiro que tivesse o meu astral, que abraçasse o projeto, que se dedicasse passo a passo, mergulhando na minha história. Ali encontrei essa alma. O tempo parece desacelerar para que fiquemos atentos ao momento, após o papo com café e biscoitos: as tintas são misturadas à mão, cada tonalidade é avaliada na luz natural, os testes de impressão são literalmente checados com lupa. Até as máquinas manuais de impressão têm sua identidade, todas “senhoras” batizadas com nomes de fontes.

Chegamos lá com um conceito definido e fomos alterando e co-recriando o cartão com a consultoria da equipe. Nessa conversa, eles nos apresentaram algumas possibilidades de cores para finalizar a borda do cartão, já que havíamos optado por um papel de maior gramatura.

A borda, como cada detalhe que pensamos no design, deveria ter uma expressão, precisava ajudar a comunicar o valor da marca, não poderia receber uma cor qualquer, sem propósito ou referência definida. Então, decidido: o friso-borda será dourado!

O branding elaborado pela Agência Manifesto identificou que a marca Ila Rosete precisava de uma cor metálica. Uma história que apareceu nesse processo, foi quando me lembrei, que em uma sessão de acupuntura, minha terapeuta me alertou que, seguindo conceitos da medicina chinesa, eu precisava ter sempre em contato com meu corpo algum elemento metálico. Percebi que, intuitivamente, nunca, em hipótese alguma, eu saía de casa sem um anel ou um brinco. Isso me equilibrava, me assegurava força. São os elementos invisíveis que nos constroem.

Reafirmar  minha identidade profissional, começando por um processo profundo de autoconhecimento auxiliado por um intenso trabalho de branding, redesenhar a minha marca e uma “simples” escolha de um cartão de visita, se transformou, nesse momento, em uma experiência genuína e rica.

Quero que esta vivência chegue até meus clientes e parceiros como uma metáfora do cuidado com o qual acolho cada projeto que acolho na minha empresa. Esse valor será percebido no projeto através de toda a jornada do cliente, desde o primeiro momento, onde escuto atentamente a história pessoal de cada um deles, suas memórias afetivas, seus desejos e gostos, únicos e intransferíveis, até a entrega do processo, que é assegurado pela parceria, colaboração e qualidade do trabalho.

Por tudo isso, foi um momento de puro encanto, uma alegria sentir na minha mão o primeiro cartão que saiu da impressão ali na sala da Letterpress Brasil. Fiquei satisfeita de ver que ele passa a mensagem que eu gostaria de comunicar para quem está me conhecendo: um trabalho consistente, personalizado, que realmente conte a sua história, que só se faz por meio da escuta, do respeito e do diálogo, com tempo e com a dedicação de todos os envolvidos.