Equipe vencedora do concurso Nacional de Paisagismo, para requalificar a Praça Benedito Calixto!

Equipe vencedora do concurso Nacional de Paisagismo, para requalificar a Praça Benedito Calixto!

Equipe vencedora do concurso Nacional de Paisagismo, para requalificar a Praça Benedito Calixto!

24 de setembro de 2019

“Uma grande amiga e parceira que me ensina muito+um ex aluno da pós graduação do IED e colaborador ativo em meus projetos + uma ex aluna recente da pós graduação do IED inteligente, sagaz com muita vontade de aprender + Sueli Garcia + Daniel Prazeres + Camila Coutinho + trabalho compartilhado + pesquisa + empatia + bom humor + cafés com guloseimas. Com esta receita e mais alguns segredinhos nossa equipe ganhou o concurso Nacional de Paisagismo, para requalificar a Praça Benedito Calixto em Pinheiro São Paulo. Estamos muito honrados de podermos ajudar na melhoria da cidade que abriga quem quiser chegar. Obrigada a todos que nos confiaram esta desafiadora missão.” – Ila Rosete

A Benedito Calixto é considerada um dos mais tradicionais pontos de encontro de São Paulo, configurado como agradável espaço de celebrações, trocas sociais, culturais e econômicas.

Localizada no bairro de Pinheiros, em frente à Igreja do Calvário, entre as ruas Cardeal Arcoverde e Teodoro Sampaio, possui em seu entorno uma infraestrutura bastante diversificada: com bares, cafés e restaurantes, lojas de roupas descoladas, móveis e decoração, sebos e galerias. Por esta razão, a praça é voltada para um público eclético e descolado, que reúne desde os moradores dos seus arredores até artistas, arquitetos, decoradores e turistas.

Um aspecto importante a ser observado é a pluralidade de funções que a praça abriga. Dependendo dos dias da semana e horas do dia, os usos se alternam; pelas manhãs durante a semana, encontramos os moradores do bairro, praticando esportes, caminhando com seus pets e com as crianças brincando no parque. Na hora do almoço, os restaurantes recebem o público que trabalha nos arredores; empresários, lojistas, artistas e, em meio às suas árvores, trabalhadores descansam ao frescor de suas sombras. No final do dia, os bares se preparam para os encontros e happy hours.

Durante a semana, às terças feiras, ocorre a feira livre, voltada para os moradores e trabalhadores da região. A partir da tarde de sexta-feira, inicia-se a preparação para a grande feira de arte, artesanato, antiguidades e comidinhas. As 320 barracas são montadas e os expositores ocupam a praça com seus produtos… A praça pulsa durante todo o sábado ao som do chorinho.

Toda esta organização é administrada pela AAPBC (Associação dos Amigos da Praça Benedito Calixto), que cuida, promove ações, e realiza a curadoria dos participantes da feira.

Como equipe, o nosso desafio foi, em primeiro lugar, o de procurar entender o texto que os usuários escrevem na praça através de sua apropriação. Passamos ali alguns dias, entrevistando, conversando, batendo vários papos com os frequentadores que se beneficiam deste espaço urbano.

Detectamos muitos pontos de desejos convergentes, e outros tantos antagônicos. Através do resultado do material de pesquisa, somados às nossas observações pessoais durante as visitas, chegamos a uma proposta: requalificar a Praça Benedito Calixto, imprimindo a ela o conceito de quintal, pedacinho de terra no fundo das casas com jardins, onde todos se sentem à vontade. Sob esta perspectiva, o Quintal Urbano da Benedito começa a ganhar novos atributos e contornos.

Os principais eixos de circulação e massas de ocupação, são desenhados pelos usuários hoje, na periferia da praça, uma vez que os canteiros internos segregam e diminuem a quantidade de espaços para o público acessar e circular com facilidade.

Todas as características funcionais existentes hoje na praça serão mantidas: a quadra, o playground, as bancas, os aparelhos de ginástica, tudo deve permanecer, pois seu uso já está incorporado ao dia- a-dia dos que ali transitam.

Nossa proposta projetual pretende reorganizar o espaço através da criação de vários novos eixos de circulação, abrindo os canteiros existentes e implantando uma quantidade maior de pequenas praças e espaços de permanência. Espaços mais arejados, áreas mais amplas, onde as pessoas possam ver e serem vistas, estabelecendo um maior convívio com maior segurança. Através do aumento da quantidade de percursos e o desenho de uma nova paginação de piso, aliados ao plantio de espécies de porte baixo, criamos uma quantidade maior de perspectivas que permitem a visualização da praça a partir de vários pontos de observação, alargando a amplitude visual.

A paginação do piso, criada com a intenção de abrir os caminhos e ampliar os horizontes, será executada em concreto de pavimentação pigmentado, desenhados como fachos de luz, nas cores grafite, cinza e amarelo. Alguns canteiros centrais foram suprimidos e substituídos por lounges, com bancos sinuosos, confeccionados com concreto e ripas de madeira. Todas as árvores existentes foram mantidas nos seus lugares e ao redor de seus troncos, instaladas grelhas metálicas. No centro da praça, lugar da quadra e do playground, desenhamos um fechamento, substituindo a antiga grade de ferro, com paredes sinuosas erguidas em taipa, intercaladas com outras construídas em cobogó, estes dois materiais foram escolhidos, pois são referência simbólica na cultura dos nossos sistemas construtivos. Estes garantem leveza e fluidez ao fechamento necessário, e não barram a visão, reiterando mais uma vez a permeabilidade física e visual, buscado pelo projeto.

Além da fluidez e permeabilidade aplicadas ao projeto, buscamos a integração da praça com o seu entorno. Propusemos parklets na região central da praça que poderiam ser utilizados pelos bares e restaurantes para criar uma maior integração entre as suas atividades e as da praça.

Outra ação que sugerimos é a integração com a AAPBC que possui atividades sociais, como espaço para massagem e lojinhas de entidades filantrópica além da gestão da feira. A ideia é que a praça cruze a rua, adentre a associação, oferecendo uma melhor infraestrutura, de banheiros por exemplo para os que ali trabalham e circulam.

Para fortalecer o conceito de Quintal Urbano pensado como espaço afetivo dos encontros promovidos por eventos culturais e pela vida urbana, consideramos a escolha da vegetação como primordial na qualificação da experiência sensorial proporcionada pela praça. Para isso, levamos em conta quatro pilares de sustentação para a sua escolha.

O primeiro é a preservação de 100% das espécies arbóreas existentes, lembrando que uma das principais características apontadas pelos usuários da praça nas entrevistas, como o item mais atrativo para trazê-los até ela, são as árvores e vegetação existente. O segundo, com o intuito de reafirmar a memória afetiva do público, selecionamos o Syngonium angustatum, forração presente na praça, as Codiaeum variegatum, Sansevieria trifasciata laurentii, Sansevieria trifasciata zeylanica, Tradescantia pallida e a grama São Carlos, foram adotadas por serem comuns nos quintais das casas paulistanas. Em terceiro lugar, buscamos reforçar a diversidade da praça com espécies tropicais que evidenciam a brasilidade e atraem a admiração dos estrangeiros. Como salientamos anteriormente, a praça é um ponto turístico da cidade e a exuberância dos Philodendron bipinnatifidum, melinoni, xanadu, por serem adaptados a situação de insolação são ótimas e representativas opções. Por fim, pontuamos o paisagismo com as flores exóticas Strelitzia reginae e o Chlorophytum orchidastrum que com o caule laranja se destaca no maciço. A Monstera Deliciosa vem como ornamento vertical nos troncos das espécies arbóreas de maior porte, compondo totens de vegetação. Para dar apoio a toda esta composição paisagística, utilizamos a Calathea lutea como fechamento na quadra, o Jasminum nitidum com seu perfume para a pérgola e a Wedelia palutosa, sendo rústica e com flores compõem o cenário dos encontros, eventos e festas da praça.

Com todas as escolhas feitas pelo projeto, queremos que a Praça Benedito Calixto, ganhe mais qualidade espacial para continuar abrigando todas as relações de convívio e cultura e que seja lembrada com encantamento e afeto pelos que por ela passam.

Profissionais envolvidos:


Ila Rosete

Formada em Arquitetura e Urbanismo (EESC-USP), é professora na pós-graduação de Design de Interiores do Istituto Europeo de Design (IED – São Paulo) e pesquisadora de tendências em design e comportamento.
Graduada em Arquitetura e Urbanismo na EESC-USP (Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo).
Pós Graduada em Urbanismo Moderno e Contemporâneo pela Puccamp (Pontifícia Universidade Católica de Campinas).
Atua como arquiteta em projetos de design de interiores (residenciais e comerciais).
É professora de pós-graduação em Design de Interiores no Istituto Europeo de Design (IED – São Paulo). Pesquisa tendências de design e de comportamento na P.O.Box Design. Dá palestras sobre tendências.

Sueli Garcia

Graduada em Design pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo (1986), Mestra em Comunicação pela UNIP (2002) e doutora pelo programa Educação, Arte e História da Cultura do Mackenzie-SP (2014). Atualmente é docente do Belas Artes-SP, nos cursos de Design. É conteudista do EAD de História do Design da Belas Artes. Profissionalmente trabalhou em empresas de Visual Merchandising, têxteis e atualmente trabalha com interiores comerciais e design de produto. É coordenadora da Pós-Graduação em Design de Interiores da Belas Artes. É Vice-presidente do Acadêmico da ABD – Associação Brasileira de Designers de Interiores. É head e co-fundadora do escritório P.O.Box Design desde 2010, empresa que desenvolve Tendências, Visual Merchandising, Interiores, Moda e Produto, por meio de Projetos e Consultoria. Desenvolve figurino e cenografia para instituições culturais como Unifesp e Sesc há 15 anos.

Camila Coutinho

Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade Federal do Tocantins (UFT) e pós-graduada em Design de Interiores Contemporâneo pelo Instituto Europeo di Design (IED). Trabalha com interiores e arquitetura e busca valorizar a individualidade e personalidade de cada projeto e cliente.

Daniel Prazeres

Começou sua carreira como publicitário nos anos 2000 sempre guiado pela paixão de transformar, mas foi em 2005 que descobriu sua verdadeira vocação como Arquiteto Urbanista. Desde então tem se especializado.
Por 10 anos colaborou em grandes escritórios de renomados profissionais como dos arquitetos Benedito Abbud e Sergio Santana, de onde absorveu experiências e vivências com o dia a dia de projetos e todos os seus desafios. Colecionando inúmeros projetos de sucesso nas maiores construtoras do país.
Utiliza-se da criatividade, design, moda e das artes plásticas, para criar. Ávido a romper fronteiras, com seu traço contemporâneo, traduz os desejos dos clientes, criando espaços convidativos, sofisticados e dinâmicos.